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O que é Contrainteligência ?

A Contrainteligência e a Inteligência formam o que conceitualmente se chama de Atividade de Inteligência.

A Atividade de Inteligência sustentada por estes dois pilares, a Contrainteligência e a Inteligência, tem como o seu principal propósito assessorar o decisor no processo de tomada de decisão sobre um determinado assunto.

Em suma, a Inteligência corresponde ao processo de coleta de dados que sofrem um processo de análise, normalmente realizado por um especialista naquele assunto, que culmina na produção de um “Conhecimento”, como, por exemplo, uma Análise da Conjuntura sobre um determinado assunto, em um determinado período de tempo. Uma boa análise de inteligência é aquela desprovida de opiniões pessoais, de categorização e de preconceitos, e que se destina a relatar fatos de forma argumentada a fim de apontar tendências sobre o assunto em observação.

A Inteligência permite, portanto, abranger todo um espectro de questões pertinentes que o decisor, por exemplo o CEO de uma empresa, entende como necessário ser analisado para que este possa tomar suas decisões estratégicas sobre os rumos de seus negócios.

Existem algumas denominações clássicas que se associam à Inteligência, tais como Inteligência Competitiva, Inteligência de Mercado, Inteligência Estratégica e Business Intelligence, por exemplo, além da Inteligência Militar. Todos estes profissionais que atuam como Analistas de Inteligência certamente contribuem para que os líderes adotem a melhor decisão em prol dos interesses estratégicos da organização.

Mas o que é Contrainteligência?

Um Analista de Contrainteligência, da mesma forma, a partir da análise dos dados disponíveis, é aquele que produz um Conhecimento técnico devidamente embasado, a fim de assessorar a liderança nos assuntos afetos à Segurança do negócio, com o propósito de assegurar a proteção dos ativos tangíveis e intangíveis da organização.

No nível estatal, a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), que representa o órgão central do Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN), define Contrainteligência[1]como:

“A Contrainteligência tem como atribuições a produção de conhecimentos e a realização de ações voltadas para a proteção de dados, conhecimentos, infraestruturas críticas – comunicações, transportes, tecnologias de informação – e outros ativos sensíveis e sigilosos de interesse do Estado e da sociedade.

O trabalho desenvolvido pela Contrainteligência tem foco na defesa contra ameaças como a espionagem, a sabotagem, o vazamento de informações e o terrorismo. Podem ser patrocinadas por instituições, grupos ou governos estrangeiros.”

De forma muito sintética, a ABIN resume o trabalho da Contrainteligência com a seguinte imagem que expressa ações relevantes de “prevenção”, “identificação” de vulnerabilidades e a consequente “neutralização” das ameaças:

Segundo a Central Intelligence Agency (CIA)[2] dos Estados Unidos da América (EUA):

“… Counterintelligence provides an ability to protect sensitive national security information and to prevent the loss of critical technological, industrial, and commercial information…”.

Embora não se possa generalizar como doutrina, a Contrainteligência, em parte da literatura brasileira, divide-se em dois seguimentos:

a) Segurança Orgânica, que pode ser traduzida pelos conceitos clássicos e consagrados da Segurança Patrimonial, que compreendem as medidas de proteção nos campos da segurança física de áreas e instalações; de pessoal; de documentos; e da tecnologia da informação, mais diretamente relacionados ao ambiente de cyber security.

b) Segurança Ativa, que, embora também não tenha uma definição doutrinária categorizada no contexto nacional, compreende as medidas de: contraespionagem; contrasabotagem; desinformação; contrapropaganda e contraterrorismo.

Sob os auspícios da Lei, as ações que marcam a Segurança Orgânica são: prevenção e obstrução; enquanto as ações que marcam a Segurança Ativa são: detecção e neutralização.

Importante ressaltar que estes conceitos não se encerram em si mesmos e que são passíveis de serem aplicados ao ambiente corporativo das organizações privadas, pois segundo Prunckun (2019)[3],

“…business counterintelligence concerns itself with protecting trade information … can involve units within commerce and industry that deal with issues as disparate as security, on one hand, and marketing, on the other.”

Por fim, há um vasto campo de pesquisa e de atuação com base em doutrina e conceitos previstos na Contrainteligência que servem de referência para a proteção do conhecimento sensível nos níveis institucional e estratégico das organizações privadas.

BRAVUS CONSULTORIA

[1] Disponível em: https://www.gov.br/abin/pt-br/assuntos/inteligencia-e-contrainteligencia/contrainteligencia

[2] Disponível em: https://www.cia.gov/library/reports/archived-reports-1/ann_rpt_1999/dci_annual_report_99_16.html

[3] Prunckun, Hank. Counterintelligence Theory and Practice (Security and Professional Intelligence Education Series) (p. 31). Rowman & Littlefield Publishers. Edição do Kindle.

 

 

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